Despir-se


Retirar tudo aquilo que for superficial é uma tarefa que vamos cumprindo aos poucos, ao longo de muitos anos. É como lapidar uma pedra bruta e transformá-la em preciosa. Cada faceta importa, cada detalhe enriquece, cada descoberta de uma nova superfície é celebrada, a cada novo olhar.
Mostrar o interior puro e verdadeiro exige coragem e cuidado. Zelar pelas próprias verdades, pelas duras e pelas agradáveis verdades. O ato de despir-se de máscaras protetoras, de escudos emprestados, de películas inapropriadas; abrir-se, despojar-se. Abrir espaço para tudo que é essencial; e apenas para o que for verdadeiramente e pessoalmente essencial é um ato libertador. Libertador o será para quem conseguir conviver com sua própria natureza; e assustador o será para quem tiver dificuldade de enxergar e suportar sua própria essência.
Ao longo da vida vamos convivendo com pessoas e com nós mesmos, vamos percebendo as máscaras, os escudos, as películas e etc.; as nossas e as alheias. Vamos vivendo e decidindo que lugar estes devem ocupar, se os descartamos ou os adaptamos. Seguimos questionando suas utilidades e inutilidades em circunstâncias diferentes.
Descartar o que não serve, sem culpa. Admitir as verdades, escolher retirar as impropriedades e viver somente com o que nos faz bem, também sem culpa. Despir-se é permitir que a mente exerça seu trabalho, sem medo de falhar. Conforta, liberta, incomoda, desagrada, convém. Mostrar-se é despir-se e ao mesmo tempo vestir-se completamente de si mesmo.
by Ale Madia

Comentários