Cultura da fome, distração e privilégio


Os famintos encontram-se à procura de tipos alternados de alimentos para suprir suas necessidades. Estes suprimentos variam de acordo com o tipo de fome. Em países desenvolvidos tem-se fome de lazer de qualidade, educação, aprimoramento e arte. Em países menos favorecidos financeiramente a fome é mesmo de alimentos e bebidas essenciais à sobrevivência; aqui não se pode falar em suprir aquilo que não é primordialmente vital, mas apenas complementar. Nestes locais a arte, bem como outras carências, são vistas como superficiais, luxo desnecessário.
Os distraídos estão dispersos, imersos na sociedade fragmentada da realidade em que vivemos. Não percebem contrastes nem estão sensíveis às nuances, e também não são capazes de distinguir necessidades vitais básicas de outra qualquer.
Os privilegiados procuram parecer coerentes, apesar de viverem em constante disparidade, apartados da realidade e dos fragmentos da sociedade na qual convivem. São extremamente sensíveis a tudo aquilo que for conveniente e possuem muito além daquilo que pode ser considerado vital.
As bordas que dividem os famintos, os distraídos e os privilegiados, são limites tênues e flexíveis, vão se moldando continuamente. E enquanto tudo estiver contido calmamente nestas fronteiras imperceptivelmente frágeis, não há que se falar em desencantamento. É como se houvesse equilíbrio, encaixes perfeitos de fragmentos. Esta é a cultura da sociedade na qual nos encontramos. E diante deste cenário, deixo perguntas pertinentes: Você tem fome de quê? Com o que você se distrai? Possui privilégios? Reflita!
 by Ale Madia

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