Permeabilidade ponderada das nações
Toda nação
procura valorizar sua cultura, seu idioma, suas tradições; salvaguardar seus
interesses e suas aspirações. Busca empoderamento e influência entre as demais
nações, e para tanto necessita de um certo grau de desenvolvimento e
fortalecimento. Toda nação depende dos recursos que tem para alcançar estes
objetivos, próprios ou não. Os recursos disponíveis são cruciais. O uso dos
recursos financeiros e humano reflete a estratégia adotada. É uma questão de
administração, de visão, de percepção, de fraquezas e forças, de conhecimento,
de informação, de contexto, mas acima de tudo, a questão central é como
otimizar o uso dos recursos. Parte desses recursos é tradicionalmente
financeiro, outra parte é constituída por riquezas naturais exploráveis, parte
é capital tecnológico-industrial, e a parte mais importante, por vezes
negligenciada ou não muito explicitada, é o capital humano disponível. E a
disponibilidade deste é justamente o fator que define o rumo de uma dada nação.
Quem são as
pessoas disponíveis? São os nacionais dispostos a permanecer em sua nação, são
os imigrantes, são também os refugiados e os turistas. Portanto o grau de
permeabilidade que um dado país permite e pratica explicita e implicitamente é
fundamental para o sucesso na condução de sua política. Isto não é novidade nem
segredo, pois há muito se debate. A busca do equilíbrio também não é novidade,
esta permeabilidade precisa ser ponderada para que seja administrável. Em que
medida proteger e fechar-se às influências inevitáveis? Quais alianças
priorizar? Até que ponto permitir a susceptibilidade? Como administrar os
fluxos migratórios de maneira construtiva e agregadora? Qual o grau de
flexibilidade ideal? Ideal para quem? Os interesses também são ponderados,
assim como os são permeáveis.
Nações que
adotam políticas conservadoras, inovadoras, prudentes, moderadas,
casualísticas, piedosas, egoístas, disruptivas, preconceituosas..., todas elas
são capazes de discursar coerentemente para defender e promover suas razões. O
que pouco se veicula é a verdadeira motivação das políticas adotadas. A maioria
das nações adota o consenso no trato das questões internacionais; e quando não
há consenso? A resposta simplista é que haja algum tipo de retaliação ou
guerra, declarada ou não. E a resposta real qual seria? Indubitavelmente esta:
o consenso é atingido com a predominância das nações mais influentes, que foram
as que fizeram o melhor uso da permeabilidade ponderada; discretamente.
Em tempos de
crises migratórias em muitas partes do mundo e blocos antes constituídos em
torno de interesses agora em colapso, há que se repensar o alinhamento entre
objetivos traçados, regras comuns adotadas e resultados até então alcançados.
Há que se refletir sobre as causas e não sobre os efeitos. Há que se considerar
os efeitos atuais também; especialmente na condução de projetos futuros. Há que
se admitir que o capital humano é sim um recurso utilizável. Há que se ponderar
melhor, mais abertamente e francamente a permeabilidade das nações.
by Ale Madia
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