Pequenas doses de vida
Prestes a
comemorar 45 anos de vida os questionamentos e aprendizado se acumulam. O que
devemos e o que podemos aprender sobre a vida? Aprendemos desde a infância e
seguimos aprendendo incessantemente até o nosso fim. Entre o nascimento e a
morte vamos reaprendendo, ensinando, vivendo e experimentando, mesmo que sem
perceber. A lição mais pura e genuína é a que aprendemos com as crianças,
quando pensamos ser adultos o suficiente para muito sobre a vida saber. São
elas que nos relembram da condição humana e despertam novamente nossa atenção
para as pequenas doses de vida. Aquelas doses vitais que vamos esquecendo...pular
na poça de água após a chuva, reparar que há uma nova flor no jardim, sentir o
vento no rosto, observar o movimento encantador de um pássaro que voa
livremente...apreciar cada momento, sem pressa.
A pausa que não
fazemos nos rouba a sensibilidade. As pequeninas pausas para lembrar que apenas
temos momentos de alegria intercalados por tarefas que escolhemos; e assim
seguimos vivendo sem perceber que a lista de afazeres diários é insignificante
diante do sentido da vida. As crianças bem sabem disso. A maioria dos idosos
também. A vida é composta por uma sequência, que os adultos não se cansam de
apressar. A pressa parece lógica, coerente, necessária para cumprimento de
metas estabelecidas e prazos estipulados. Um adulto adoece e fica aborrecido
por assistir o tempo precioso passar, sem nada apreciar. As crianças apreciam
tudo por não saberem que o tempo pode ser cronometrado. E os idosos temem o
tempo, o momento de partir. Peripécias da vida!
A vida está
contida justamente em cada dose de felicidade legítima que aprendemos a não
desperdiçar, em cada momento alegre e simples que decidimos viver. A vida
ensina que as doses são escolhas. Podemos escolher a dosagem, misturar e
combinar; podemos inclusive na dose errar. Sempre podemos ajustar. Tenho a
impressão de que tudo que a vida
quer é nos ensinar. E também nos ensinar a ensinar.
Penso que a
vida quer mostrar que o olhar entusiasmado de criança poderá nos acompanhar
sempre. Acredito que a vida ainda quer provar que sempre podemos dosar nossa
criança em cada momento sem esperança. Percebo que viver não é para ser uma
complicação, nós é que fazemos confusão. Suponho que a vida quer mesmo ensinar
que: as pequenas doses repletas de emoção estão sempre à disposição. Tenho a
impressão de ter aprendido que o valor da vida é exatamente aquele que damos a
ela. Não há dose de emoção sem razão, assim como não há dose de vida que seja
em vão.
by Ale Madia
Comentários
Postar um comentário
Seu ponto de vista é bem-vindo!