Consumo de entretenimento
Cinema, música,
teatro, programação para aplicativos e telas variadas; tudo isso faz parte do
entretenimento consumível por milhões de pessoas ao redor do mundo. Sim, o
entretenimento é uma espécie de consumo, diário e noturno. Se antes grupos
minoritários decidiam o que a maioria iria assistir ou ouvir, num oligopólio
até então aceitável, hoje o inverso acontece neste universo midiático. Agora a
maioria escolhe seus próprios filtros e conteúdos com os quais deseja se
entreter. E com esta inversão surgiram imensos desafios.
O maior desafio
apresentado por esta nova realidade audiovisual é o de produzir conteúdo de
qualidade para agradar consumidores mais exigentes e globalizados. Consumidores
com acesso a uma gama crescente de fontes alternativas de entretenimento são
mais seletivos e críticos. Com a dispersão do controle e da produção do que
espectadores irão consumir, apreciar, rejeitar, ignorar, modificar, criticar e
propagar, o oligopólio está prestes a ser suprimido, pois superado já o foi.
Neste novo
cenário entretenimento se mescla, por vezes até se confunde, com notícia.
Notícia também consta no cardápio de entretenimento. Temos consumido
amplamente, propagado inutilmente e refletido gradualmente sobre este novo
consumo – entretenimento. Consumimos por diversão, por satisfação, pela
ocasião, por obrigação, por escolha, ou por muitos outros motivos. Pagamos por
aquilo que desejamos consumir, seja em unidade monetária ou em disponibilização
de dados pessoais e tempo; a troca e a retroalimentação sempre ocorrem, estejamos
nós conscientes ou não.
Na modalidade
entretenimento para consumo a democratização foi enorme. Nunca antes parcela
tão expressiva de todas as sociedades teve acesso a tanto conteúdo e nem nunca
pode escolher tão livremente aquilo que deseja para passar o tempo. Já na
modalidade notícia para consumo, apesar do oligopólio composto por grupos muito
influentes, também ocorreu o surgimento expressivo de formadores de opinião. A
voz até então subestimada ou negligenciada passou a compor a nova realidade e a
competir com considerável parcela do oligopólio já decadente. E os consumidores
podem ser considerados os grandes vencedores.
Consumidores
afortunados, pois têm a possibilidade de consumir conteúdos, experimentar,
degustar e refletir, filtrar tudo aquilo que consomem. Podem, inclusive,
atestar um número inequívoco de besteiras disponíveis ou aferir a qualidade e
razoabilidade daquilo que escolhem acessar. Temos todos um universo quase infinito
de possibilidades quando o assunto é entretenimento ou notícias. Temos até
disputa, nesta e por esta nova realidade! Temos também chances de debates até
então impensáveis, para o gosto ou desgosto de tantos. O problema é que embate
foi confundido com o debate disponível.
Todo consumo
precisa ser consciente. O consumo de entretenimento não é exceção, ainda que
seja para nosso próprio deleite; já o consumo de notícia é para nossa
informação e formação de opinião. Não pode haver confusão. Em cada decisão de
consumo é recomendável que haja responsabilidade. A produção de conteúdo requer
ainda mais responsabilidade; e liberdade.
A oferta e a
demanda possuem a capacidade de adequação, ainda que a longo prazo. Percebo que
a indústria de entretenimento já entendeu esse equilíbrio subtil e frágil. Todavia
acredito que os veículos de informação ainda estejam se adaptando à
elasticidade desta nova demanda exigente e não muito habituada a tanta reflexão
e questionamento. Entretanto nunca é demais ressaltar que “indústria” de
entretenimento, pois ela pode produzir ficção; “veículos” de informação, eles
têm o dever de informar a verdade com clareza e isenção. O desafio atual e
intrigante é que consumidores também têm se tornado produtores e propagadores,
tanto de conteúdo quanto de informação. Sugiro atenção e boa diversão!
by Ale Madia
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