Prisão e lição


Prisão, uma palavra que remete a algo extremamente negativo e angustiante. Há diversos tipos de prisão, a psicológica, a emocional, e a mais conhecida – aquela que restringe o ir e vir, os atos e a liberdade de locomoção - a prisão fisicamente imposta. Presente em todos os tipos de prisão está a ausência de liberdade, plena ou não. E não há como desenvolver-se plenamente sem ser livre. Não há como evoluir sem usufruir da liberdade.
Lição, uma palavra que pode ter um sentido positivo para alguns e negativo para outros. A lição pode ser uma forma de aprendizado, aprimoramento, ou pode também, em alguns casos, ser usada como uma punição. Tanto a prisão quanto a lição carregam propósitos implícitos que afetam em maior ou menor proporção o bem-estar e o convívio social. Ambas, prisão e lição, podem ser um amparo ou servirem como subterfúgios do despreparo. Pessoas despreparadas conduzem melhor situações difíceis aprisionando outras, cerceando liberdades. Pessoas desamparadas encontram proteção em prisões psicológicas e afetivas; já alguns marginalizados e outros abastados que praticam atos ilícitos enfrentam a prisão como punição merecida.
A prisão pode ser uma opção ou não, depende da lição que ela se propõe e pretende aplicar, e como ela irá impactar a sociedade. O objetivo de uma lição é ensinar. O objetivo da prisão também deveria ser ensinar, no entanto, há muitos anos este aspecto tem sido desvirtuado e desfigurado, quando não suprimido. A prisão é a maneira mais primitiva e simplista encontrada pela sociedade atual para solucionar problemas sociais, morais e criminais. E qual é a lição? O que ensinam ou aprendem na prisão? Mecanismos sofisticados são desenvolvidos para burlar as regras impostas, ou habilidades psicológicas e capacidades são aprimoradas para suportar a pressão sofrida. De um jeito ou de outro a liberdade está sendo lesionada. Mesmo que sem questionar o mérito da prisão, há de se repensar a respectiva lição.
Para toda prisão, de qualquer tipo, haverá uma lição. E as consequências da lição proporcionada serão perpetuadas incessantemente na sociedade que dela faz uso. Vítima de prisão psicológica-afetiva desenvolve mecanismos de proteção e reação que geram impactos na sua personalidade e na convivência. Prisioneiro físico será também um prisioneiro psicológico e social da lição-punição utilizada no sistema judicial e empregada pelo sistema prisional. Prisioneiros quando libertos são pessoas modificadas. Poderão ser pessoas melhores ou piores, depende da lição ensinada-aprendida na sua prisão. A lição da prisão será replicada mesmo após sua extinção, por isso a relevância de sua condução.
O que se espera com a prisão? Uma prisão, geralmente, é o efeito de uma péssima lição. O êxito da lição reside na futura inexistência de prisão. Eis a questão!

by Ale Madia


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