Mátria
A pátria oferece,
supostamente, a seus cidadãos um leque básico de proteção, isonomia, direitos e
deveres. Um nacional em solo delimitado e reconhecido na comunidade
internacional deveria ter garantida sua dignidade, entre outras questões
essenciais à sua sobrevivência digna e pacífica em seu próprio território. Porém,
o lugar de pertencimento também pode ser hostil e uma verdadeira plataforma
para a desigualdade. A questão territorial sempre apresentou conflito e sempre
foi motivo de disputas brandas ou violentas. A briga pelo solo, e
principalmente, pelo seu pleno domínio é eterna. É um constante desafio para os
Direitos Nacional e Internacional. Portanto, também é algo desafiador para os
nacionais, para os imigrantes; e relevante tanto para a economia quanto para a
política.
A cultura
apátrida tem apresentado cada vez mais frequentemente contradições; difíceis e
complexas questões que dividem opiniões e visões. A mãe pátria, por si só, não
tem sido capaz de garantir condições básicas de convívio sem conflitos
culturais e sociais; a mátria para muitos tem sido o palco de inúmeros
problemas que extravasam suas fronteiras territoriais. Evidentemente, as mesmas
necessidades humanas e sociais, apesar de diferentes em suas complexidades, se
repetem em muitas pátrias. É uma superposição de nacionalidades e culturas
competindo desenfreadamente para garantir a manutenção de seu poder territorial
– e sua influência sobre os demais. Uma cultura ou religião, etnia ou
sentimento de pertencimento, seja lá o que for, não obedece às mesmas
imposições da extensão territorial, tampouco consegue subsistir por um longo
período se não tiver garantido seu território. Não há pacificação sem
aceitação! Não há pátria duradoura onde houver opressão!
O lugar de
origem não deveria ser um limitativo, um determinante repressivo dentro nem
fora de seu território. O respeito precisa estar contido não somente em faixas
territoriais, mas também ser garantido e preservado para além das divisas. O pertencimento
não é, nem nunca será, uma questão simplista. Há pátrias e pátrias! Também há
pátrias e mátrias! Há riqueza no pluralismo, se equilibrado e apreciado. Há
nacionais e nacionalistas. A pátria pode ser um solo sagrado, um lugar adorado,
um território desrespeitado ou idolatrado, por seus cidadãos naturais ou
naturalizados. A pátria pode ser vasta ou minúscula, pode ter sua relevância
ofuscada ou seu domínio exacerbado, sua integridade ameaçada ou sua influência
calibrada. A mátria não existe sem sua condição de unidade cultural e social.
Um território
quando desintegrado produz uma nacionalidade suprimida. Uma pátria sob pressão
é, certamente, uma vizinha incômoda. Um limite territorial ou uma barreira
imposta não consegue responder às demandas internas, nem tampouco conter as
externas. Uma pátria é quase líquida, em sua essência aparentemente tão sólida.
A solidez de uma pátria está em sua fluidez! Uma mátria não existe na rigidez! Uma
mãe pátria somente perdura através de sua aceitação cultural, respeito
humanitário, igualdade social, flexibilidade conjuntural, e finalmente,
responsividade e responsabilidade transnacional.
by Ale Madia
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