Chefes dos superlativos


Discursos exacerbados, vociferados e viralizados; assim são os discursos dos chefes dos superlativos! Utilização intensa de superlativos sempre despertaram negativamente minha atenção, ou melhor, minha desconfiança. Timbres agudos quase sempre traduzem a falta de robustez de um discurso. As mensagens veiculadas com exaltação por oradores são intrigantes. O foco no tom de voz – agressivo – é necessário para captar os insatisfeitos. O alto nível de insatisfação gera indiferença, que por sua vez é superada com o uso em larga escala de superlativos em tons agudos.
O melhor, o maior, o mais importante, o mais abrangente, o mais imponente, o mais etc. e tal, são roupagens especiais e adequadas para acomodar conteúdos frágeis em contextos dúbios e ações ineficazes que se apoderam de aparente relevância. É a pequenez revestida, a necessidade de autoafirmação concretizada, a falta de noção declarada: o conteúdo velado nas expressões dos chefes dos superlativos. Raríssimas são as exceções, discursos convincentes e coerentes que utilizam apropriadamente os adjetivos em suas devidas grandezas. Superlativar é para impressionar!
Os chefes dos superlativos, absolutos ou relativos, acreditam que lideram por suas excepcionais qualidades, por sua superioridade -  questionável. Essa postura baseada nos graus elevados e fictícios não se sustenta por longo período, posto que é precária em sua essência. A efetividade dos argumentos é inversamente proporcional ao emprego dos superlativos e dos timbres agudos. A assertividade e a razoabilidade de um discurso são pautadas pelo domínio do conteúdo genuíno, expresso com convicção, porém sem imperiosidade; regra básica para qualquer pretendente a influente duradouro. Aquilo que se sobressai é superlativo de fato, aquele que se super-relativa é apenas um breve relato.

by Ale Madia

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