Cambalhotas e piruetas


A trajetória de vida é majoritariamente coleante. A cada etapa, decisão: o inesperado. É ele quem tempera, adoça, azeda, amarga, frustra, encanta, desperta. As reviravoltas são impositivas, elas simplesmente se aproximam da zona de conforto e desconhecem qualquer limitação. Invadem a área de segurança e provocam agitação, desconforto, e testam nossas capacidades. As cambalhotas e piruetas da vida é que nos ensinam a ser resilientes. Estejamos ou não preparados para as reviravoltas, com ou sem treino, somos obrigados a praticar cambalhotas e a dar piruetas, ainda que imperfeitas e inoportunas.
A mudança súbita traz a mutação que talvez tenhamos evitado por período demasiadamente longo. O revés escancara e explicita tudo que mantínhamos seguro e resguardado. A guinada brusca nos deixa tontos ou atormentados até que possamos nos reequilibrar. Uma cambalhota inevitável é uma maneira que a vida tem de nos aperfeiçoar. As piruetas da vida existem para que possamos reconhecer e admirar as habilidades que temos e não sabíamos. Trambolhão ou cabriola, ambos têm seus propósitos vitais! Só nos resta admirá-los incessantemente e nos adaptarmos constantemente.
Cambalhotas e piruetas é que nos permitem viver plenamente e a apreciar as belas silhuetas da jornada. Uma vida sem elas seria morna e desinteressante. Uma vida repleta delas é uma aventura desconcertante, estimulante e pedagógica. Cambalhotas e piruetas possibilitam nossa lapidação. E quem não aprende a se equilibrar nesta corda bamba chamada vida, e a desfrutar da beleza deste trapézio em constante movimento, vive em vão. Movimentos calculados são calibrados pela naturalidade dos desequilíbrios tempestivos. É um ajuste perseverante! É sempre uma oportunidade, ainda que obscura!  

by Ale Madia

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