Inobservância

 

Onde o desrespeito prevalece a convivência estará condenada ao conflito. Quando as regras já não são mais observadas as diferenças são ainda mais exaltadas. Sempre que a inobservância de padrões estabelecidos for a regra geral, a exceção será leviana. A falta de cumprimento revela o descrédito, tanto das regras em si quanto da necessidade das mesmas. O desprezo aos costumes se impõe quando eles são considerados ultrapassados; inúteis. É a pura irreverência frente à realidade!

Onde a inobservância convive pacífica e paralelamente contrariando e desafiando paradigmas, o desacato e o desapreço são vetores de um novo regramento, frágil e subserviente. Quando o desdém é praticado por conveniência, a aceitação é silenciosa, gradativa, e até disruptiva, por natureza. Desconsiderar tudo que foi estabelecido e ignorar toda e qualquer imposição que se apresente como obstáculo é uma estratégia ousada. Porém, a ousadia estranhamente sintonizada, pouco a pouco solapa a vigência e a existência das instituições e das convicções.

O silêncio diante da inobservância, a indiferença diante dos comportamentos inoportunos, a aceitação daquilo que convém, o menosprezo quase generalizado, são os elementos que possibilitam mudanças estruturais das regras implícitas. Sempre que a inobservância, ainda que explícita, não encontrar resistência, e se adequar perfeitamente às exceções, ela será a prova contundente do grau de comprometimento dos padrões vigentes desvirtuados. A inobservância revela, pura e simplesmente, a inutilidade ou a fragilidade de um sistema. Quando observadores atentos são mais eficazes que as exceções previstas, a teoria e sua funcionalidade devem mesmo ser reconstituídas; pelos observadores ou pelos inobservantes!?

 

by Ale Madia

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