Descarte
O hábito de rejeitar
todo material que aparenta não ter utilidade demonstra falta de habilidade
criativa, fruto da cultura do desperdício. A reutilização, na economia
intensamente capitalista, quando acontece é precária e vista com certo grau de
preconceito. Comprar, adquirir, até mesmo alugar ou compartilhar, são ações que
priorizam tudo aquilo que for novo ou seminovo. A reciclagem é quase que uma
atividade paralela e restrita a extratos específicos, profissionais e sociais.
Neste cenário de supervalorização o descarte é quotidiano ou muito frequente.
Descartar não é
apenas uma opção constante, é também uma alternativa fácil que encontra um
ambiente propício onde os recursos são abundantes. O descarte é então
naturalizado. Porém materiais e objetos não evaporam ou desaparecem. Eles têm
um ciclo que pode ser funcional ou não. Um ciclo de desperdício acarreta perda
de recursos e custos altos quando comparado a um ciclo pré-concebido e
otimizado. A otimização de recursos físicos, pessoais e financeiros exige
planejamento, no contexto de uma cadeia eficaz de reuso proposital ou natural
de tudo aquilo que for possível. É a economia circular. É a revalorização e
conscientização.
A otimização
depende de criatividade e vontade, por vezes também é produto da necessidade. A
economia circular exige disposição e ação. Na cadeia circular tudo possui um
propósito bem articulado para maximizar a utilização, incorporar a reutilização
ou reaproveitamento, e diversificar a vida útil de um produto ou de seus
componentes nas etapas seguintes. Projetos de ciclos de produtos bem-sucedidos
são exemplos recorrentes de otimização, não apenas de elaboração e produção,
mas também de logística reversa e de consumo consciente. É necessário inverter
a lógica do consumo exacerbado e descarte para focar no consumo funcionalmente
planejado e adequado.
Desenvolvimento
de produtos é um processo completo que tem início com uma ideia e propósito,
passa por várias etapas, como satisfação ou criação de demanda, adaptação,
aprimoramento, porém não se encerra com a venda, entrega ou uso de um produto
em questão. Um bom conceito de produto pode resultar em descarte próximo de
zero, contribuir para estabelecer um consumo inteligente e despertar uma nova
cultura social e econômica autossustentável. Para que se conquiste uma
satisfatória economia circular é fundamental reeducar, designers, produtores e
consumidores. É quase tudo uma questão de uma boa concepção e gestão, que passa
pelo lucro, mas que tem como foco otimização e compreensão de ciclos produtivos
completos. O descarte é raríssimo em cadeias circulares funcionais. Enfrentar
esta questão é algo inevitável para aqueles que pretendem sobreviver no mercado.
by Ale Madia
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