Naturalizável
A capacidade que
temos de aceitar as novidades e também as adversidades é interessante, seja
diante de uma tragédia, de uma imposição incômoda, ou de uma agradável
descoberta. Quase tudo é naturalizável. As invenções, os novos produtos, as
novas modalidades de serviços, uma nova moda, uma maneira diferente de viver,
tudo isso e muito mais, tudo passível de ser naturalizado. Os absurdos, a
escassez e os excessos, os destemperos, são naturalizados por nós, felizmente
ou não. Algumas questões exigem mais tempo, enquanto outros assuntos requerem
pronta conscientização. Algumas tragédias são banalizadas e possuímos uma
inacreditável habilidade para a aceitação do antes impensável. É assim que
vamos acomodando tudo ao longo do tempo. Tudo vai, a seu tempo, se tornando
natural.
O que é natural
é tudo aquilo que já assimilamos rápida ou lentamente. Na constante e abundante
busca pelo novo, pelo mais cômodo, pelo desafiador, pelo mais atraente, pelo
mais interessante, vamos diversificando padrões e estabelecendo novos conceitos
de natural. Enquanto houver a capacidade para inovar também estará presente a
fórmula inata para naturalizar. Isso provavelmente acontece porque a ausência
de padrões desestabiliza, e a tendência natural é a de nova acomodação.
Enquanto o
aceitável for sinônimo de justificável, a naturalização, de qualquer coisa,
pode ser dada como certa. Quando o novo destoa muito do que conhecemos há uma
certa resistência para adaptação. Quando a novidade se apresenta como algo
irresistível e plausível presenciamos, quase sempre, um alvoroço para a sua naturalização.
Naturalizar
depende muito mais da nossa compreensão e da circunstância dada do que do
objeto de disrupção em si. Pode ser bom o fato de que somos capacitados para a
naturalização, com exceções importantes. Pode ser ruim o fato de sermos
insensíveis ao novo, com exceções também relevantes. Uma novidade só é novidade
até se tornar natural. Nossa disposição para as novidades é atemporal,
excepcional. Nossa naturalidade para as evoluções ou regressões é algo
cultural.
by Ale Madia
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