Irrelevante, próximo!

 

Vivemos cercados pelo imediatismo. Os acontecimentos e as ações em série exigem reações quase imediatas. A relevância deixa de ser considerada fundamental e é atropelada pela velocidade alarmante que exige habilidade para prosseguir, sem demora. O ritmo acelerado faz com que tudo seja apenas uma questão de postura que quase nada considera nem analisa, apenas passa para o próximo assunto. Como numa fila sem fim, onde tudo se torna irrelevante, e passamos para o seguinte – problema ou solução, pessoa ou ocasião. Tanto faz, não nos importamos mais com qual seja a questão, precisamos seguir. A continuidade está repleta de interrupções, e nos acostumamos! É uma padronização: irrelevante, próximo!

Assim que nos deparamos com o evento ou decisão seguinte repetimos o comportamento apressado, e o julgamento debilitado, inevitavelmente. Até mesmo o mais capacitado para raciocinar logicamente e decidir coerentemente precisa se apressar constantemente, sempre. A busca incessante se transformou numa corrida contra o tempo e nos transformou, para encontrar ou resolver qualquer coisa -  sem muito pensar. Sendo assim, a clareza prejudicada pela incerteza, a observação suprimida pela própria corrida. Uma verdadeira maratona, prazerosa para alguns e cansativa para outros. Porém, até mesmo a exaustão se tornou irrelevante. Próximo!

Tudo o mais constante, seguimos como uma máquina acreditando que poderemos atingir um futuro ideal – inatingível por natureza. Ainda que a parte mais relevante seja a busca, ainda que o trajeto seja gratificante e instrutivo - o ponto futuro não é sinônimo de ideal, quando e se alcançado. Por vezes pensamos percorrer caminhos sinuosos com nobres propósitos, certos de que a recompensa será duradoura – mera falácia. Acreditamos que poderemos controlar um possível e futuro desacelerar. As tentações de seguir para alcançar algo que está logo ali, nunca aqui. O agora deixou de existir e cedeu lugar para a leviandade do próximo -  tempo, momento ou acontecimento! Talvez tudo isso também seja irrelevante, mas só saberemos quando acelerarmos para um tempo seguinte.

 

by Ale Madia

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