Um Carnaval de temeridades
A paz não pode
ser considerada estável, nem duradoura, e sempre corre o risco de ser
interrompida pela estupidez humana. Um verdadeiro desfile carnavalesco de atos
temerários está diante dos olhos do mundo. A única certeza é a ilusão de que a
paz uma vez conquistada prevalecerá indefinidamente. Ou a única certeza é a de
que atos temerários provocam consequências em uma velocidade desafiadora. Um
carnaval de insensatez e de estupidez. A fantasia de tudo poder, a cegueira que
não reconhece limites, a força bruta que desafia constantemente a paz. Blocos
de mentes doentes disfarçadas de gente convincente. Alegorias para impressionar
e indignar. Impossibilidade de se acostumar com arbitrariedade parece ser o
lema da plateia, e o eterno dilema para acomodar tremendos desafios. Um
carnaval de arrepios, convicção, devastação e ilusão.
Um carnaval de
mascarados, pela Pandemia, mas também pela interdependência mundial e pelo interesse
transnacional. Quando caem as máscaras e os demais adereços desaparece também o
apreço por tanta ganância, intolerância e ignorância. Desnudar talvez seja a
maneira carnavalesca mais eficaz para reorganizar as sociedades, há tempos
corroídas e fantasiadas. Regras e valores incertos, pesos e medidas
desproporcionais, a extravagância da minoria e a coragem da maioria, tem de
tudo num verdadeiro carnaval de temeridades. O arrojo dos trajes já incabíveis,
a animosidade de várias personalidades, a folia garantida pela limitação
alheia, a imposição da orgia, o cálculo do risco grotesco, o egoísmo imprudente,
talvez já não sejam mais aceitos como temas vigentes para um carnaval de gente
inocente. Não há mais disposição para carnavalescos temerários, autoritários, e
tantos outros anacrônicos. Não há mais tolerância para o inconcebível. A crueldade
não é mais uma fantasia possível.
by Ale Madia
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